Em 1971,um amigo meu tinha ido a Suécia,visitar irmã e cunhado,e contou maravilhas daquele país,referente a qualidade de vida e valorização do cidadão.Como por exemplo,o aposentado ter direito até a numero razoável de corridas de táxis por mês ,gratuitas,para ir a restaurante ou clube e tomar sua cervejinha, sem se preocupar em dirigir.Para consulta médica"no sistema de saúde publica" ,basta ligar para seu médico de família e ele irá a sua residência lhe atender.
Cada vez que procurei um serviço de de saúde publica aqui,e sentia a precariedade do serviço,me perguntava: será que um dia chegaremos a este estágio de serviço publico,ou isso é um sonho inatingível?
Quase meio seculo se passou.Muitas promessas de campanhas eleitorais de melhoria.Muito dinheiro investido,mas que sumia pelos ralos da politicagem para engordar ratos de esgotos dos labirintos de administração ineficiente e viciada para isso mesmo.
Surgiram ,então, os planos de saúde particular ,ou seja,pagos pelo cidadão,que pagou impostos para ter o serviço ,e não teve.Mas não demorou muito,para se transformarem em outra causa de dores de cabeça. Consultas demoradas,como se a dor fosse programada. Recusas de exames laboratoriais e cirurgias ,amparadas por clausulas de contratos armadilhas,que terminavam em processos jurídicos intermináveis.Outra dor de cabeça e gastos .
Dias atras,no campo da bocha,aposentados de faixa etária setenta anos,o que mais se comenta é doenças ,médicos ,remédios ,vacinas e postos de saúde, um amigo elogiou um posto, com projeto novo, de saúde familiar,no qual o paciente é procurado no seu domicilio para ser assistido e medicado.
Fui conhecer ,cético, pelas amargas experiências anteriores, este posto.Adentrei uma sala limpa,com várias poltronas semi novas e limpas,um aparelho de ar condicionado,um bebedouro de água potável e copos descartáveis e varias funcionárias,com uniformes brancos( brancos mesmo),de olhar amigável.Logo duas vozes ecoaram,uma num extremo da sala e outra num balcão de atendimento: Posso ajudar?
- Eu vim para conhecer o posto e marcar uma consulta .O que preciso para isso?
A funcionária ,solícita e simpática respondeu: basta ter a identidade e comprovante de residência.Indicou os horários do funcionamento do posto. Agradeci e despedi com até amanhã.
No dia seguinte,munido da carteira de identidade e tal conta de luz,que tem mais crédito do que eu,mesmo não sendo paga, dirigi-me ao posto para marcar a consulta ,que por minhas experiencias anteriores demoraria semanas ou até meses.
Após aproximadamente 15 minutos de espera, preenchimento de um cadastro pessoal e familiar,a funcionária me perguntou se pode ser amanhã ás 8 :30 .concordei e até amanhã.
Chegando em casa contei á minha esposa ,duvidando perguntou :amanhã? Confirmei ,amanhã.
No horário marcado ,chegando recebi uma senha de atendimento prioritário,pelos meus setenta anos,e aguardei mais ou menos trinta minutos ,que é razoável para uma consulta, para ser chamado e atendido primeiro por uma enfermeira ,que mediu pressão arterial,peso ,altura e circunferência .
Medico, jovem e atencioso, recebeu- me com um bom dia ,ao qual respondi e comecei a fazer um relatório verbal do meu estado de saúde . Ouviu me com atenção e me olhando nos olhos,coisa que não conhecera antes em postos de saúde publica. Pediu me para sentar numa cama médico e fez os exames de praxe , de um bom médico particular. Em seguida preencheu formularias para exames laboratoriais necessários e pediu para retornar com os resultados.
Satisfeito com seu atendimento,lembrei da Suécia , me perguntando: será que estamos chegando lá,onde eles estão ha mais de meio seculo?
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